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Representatividade e diversidade são características que devem ser inerentes à imprensa, refletem palestrantes em abertura da conferência do Centro Knight sobre diversidade

Duas jornalistas que compartilharam sua experiência de vida e profissional em sua busca pela diversidade nas notícias abriram a Primeira Conferência Latino-Americana sobre Diversidade no Jornalismo.

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Abertura da Primeira Conferência sobre Diversidade no Jornalismo, organizada pelo Centro Knight, com Rosental Alves, Yamile Santana e Ruthy Muñoz.

A primeira palestrante convidada, Ruthy Muñoz, disse que desde os 9 anos sonhava em ser jornalista. Seus pais são dominicanos, mas ela nasceu e foi criada nos Estados Unidos. Em casa, eles não falavam inglês e assistiam ao noticiário em canais de língua espanhola, como Telemundo e Univisión, contou ela. Quando criança, percebeu que as pessoas que apresentavam as notícias e os atores e atrizes das novelas que assistia com os pais não se pareciam com ela.

“A gente sentava para assistir às nossas novelas e o que eu via, enquanto crescia, é que as pessoas que se pareciam comigo nas novelas eram as empregadas domésticas. No noticiário e no telejornal, não havia ninguém que parecia comigo e foi isso que me deu uma crise de identidade”, disse Muñoz ao público. "O que isso faz é criar uma síndrome de impostor."

No entanto, isso apenas lhe deu mais força para insistir em uma carreira no jornalismo ao longo de sua vida. Durante seus anos no Exército dos Estados Unidos, ela fez jornalismo nas bases onde era alocada.

Apesar disso, a síndrome de impostor a inibiu de se candidatar a empregos de jornalismo quando ela morava em Nova York, porque sentia que não tinha as mesmas qualificações que os jornalistas não-negros, disse ela.

A falta de diversidade e representação era algo que ela sentia muito e sempre. “Isso tira a voz da pessoa, pode influenciar a pessoa, pode influenciar as crianças que estão assistindo ao noticiário e não estão vendo ninguém que se pareça com elas. Pode influenciar os desejos e carreiras que uma pessoa pode exercer, pode até matar um sonho. E a minha história não é única, é a história de muitos e de muitos”, disse a jornalista.

Ao longo de sua carreira, Muñoz colaborou com diversos meios de comunicação impressos, de rádio e TV. Atualmente é jornalista freelance e escreve para o Palabra, um portal de notícias da National Association of Hispanic Journalists (NAHJ), que se concentra em histórias de jornalistas Latinx.

Enquanto isso, no Brasil, a jornalista Jamille Santana, especialista em dados, contou a experiência de um novo programa de formação em jornalismo cuja missão é promover a diversidade nas redações e nas notícias.

Por meio da organização brasileira sem fins lucrativos Énois, da qual Santana é gerente de jornalismo e distribuição, o Programa de Diversidade nas Redações foi implantado desde outubro de 2020, com financiamento da Google News Initiative. “É um projeto de diversidade pioneiro no país”, disse.

Segundo Santana, a Énois nasceu em 2009 como uma escola de jornalismo, mas com o tempo se tornou um laboratório que gerencia diversos projetos com veículos parceiros em todas as regiões do país.

É um programa de formação e intercâmbio entre jovens, repórteres e redações que busca aumentar a diversidade e a representatividade local nas equipes e que promove a produção jornalística com pautas de gênero, raça, interseccionalidade e outros temas. Além disso, explicou Santana, busca promover a diversidade na gestão da imprensa como uma conduta institucional e na forma de abordar os diversos perfis dos profissionais de sua equipe.

Por meio do programa, “recebemos inscrições de 40 redações e 272 repórteres do país. Selecionamos 10 redações e 10 repórteres. Temos sete repórteres negras, um indígena, um trans e um negro. Cada repórter é acompanhado por um mentor, que também passa por um treinamento de diversidade com a gente”, disse Santana.

O programa envolve capacitação, uso de ferramentas, práticas e propõe reflexões para promover a diversidade no jornalismo em diferentes áreas, segundo Santana. A partir disso, surgiu a necessidade de criar indicadores para monitorar a evolução das questões colocadas pelo programa. As métricas que criaram permitem identificar e medir o impacto da mudança de cultura na redação, acrescentou.

Após a sessão de Muñoz e Santos, a conferência apresentou painéis com jornalistas de várias partes da região que falaram sobre gênero, orientação sexual, questões raciais e étnicas e deficiência.

O vídeo da sessão de abertura e os próximos quatro painéis estão disponíveis aqui.

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